segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Mundo: Morte de Bin Laden

O Mundo: Morte de Bin Laden: "FIM DE CAÇA Especialistas avaliam operação que matou Bin Laden POR RAFAEL BALIARDO Menos de 24 horas depois da confirmação da morte do te..."

Morte de Bin Laden


FIM DE CAÇA

Especialistas avaliam

operação que matou Bin Laden

Menos de 24 horas depois 
da confirmação da morte
 do terrorista 
Osama bin Laden durante
 a ação da inteligência
 e das Forças Armadas
 americanas no Paquistão,
 a imprensa internacional
 começa a se perguntar sobre 
questões legais envolvendo o caso. 
Apesar de anunciada prematuramente
 como uma operação do exército 
americano com a colaboração do
 governo paquistanês, 
o jornal The New York Times 
confirmou, na manhã desta 
segunda-feira (2/5), que
 o planejamento e a 
execução da ação foram
 unilaterais. Eram, portanto, 
desconhecidos pelas 
autoridades do Paquistão.
De acordo com o 
The New York Times,
 embora a presença, 
no país, do serviço de
 inteligência e das tropas
 americanas ocorressem,
 há anos, com o consentimento 
e suporte do Paquistão, as
 autoridades locais não tinham
 quaisquer informações sobre o
 ataque de domingo (1º/5) ao
 refúgio de Osama bin Laden.
 A operação foi avaliada pelo 
presidente Obama, a CIA e as 
Forças Armadas em quatro
 reuniões ocorridas a partir 
de 14 de março e autorizada
 no dia 29 do mesmo mês,
 sem o envolvimento do Paquistão.
Ainda na segunda-feira, 
jornalistas e comentaristas 
da impernsa americana e
 internacional começaram 
a avaliar, contudo, 
os aspectos legais por trás
 da morte do terrorista,
 embora, ninguém tenha 
criticado abertamente a ação americana.
O advogado Jeffrey Toobin, 
comentarista de Justiça da 
rede CNN e da 
revistaThe New Yorker
publicou, na tarde desta
 segunda-feira, no site da revista, um artigo em que discute questões envolvendo a legalidade da operação.
No texto, Toobin,
 comenta peculiaridades
 que envolvem o caso
 como a própria definição
 de ‘assassinato’. “Osama bin Laden foi morto,
 não capturado. Se tivesse sido
 levado em custódia, seguiria então
 o mais complexo e doloroso processo
 legal na história americana. As 
dificuldades seriam 
: corte civil criminal ou um 
tribunal militar? Em solo americano,
 ou no exterior – em Guantánamo?
 Teria ainda Bin Laden acesso às 
evidências que pesavam sobre ele?”,
 questiona Toobin no texto
 entitulado “Matar Osama: Foi Legal?”.
O comentarista observa ainda que,
 apesar da aparente aclamação 
global em relação a morte do 
terrorista, os próprios
 Estados Unidos estabeleceram,
 no passado, padrões que poderiam 
colocar à margem da Justiça
 operações como a deste domingo.
 O autor cita a Ordem Executiva 11905,
 emitida pelo presidente 
Henry Ford (1974 - 1977) por conta
 da participação de agentes 
da CIA em planos de assassinato. “Nenhum
 funcionário do Governo dos Estados Unidos
 deve se envolver, conspirar ou promover
 assassinatos políticos”, diz o trecho da
 Ordem citada pelo colunista da New Yorker.
Toobin menciona também que, durante
 a administração Bush, este entendimento 
foi “informalmente” revisto, e que a morte
 de bin Laden — que parece ter resisitido
 à captura — não seria mais enquadrada
 pela proibição. A morte de líderes “altamente
 beligerantes durante uma situação de 
conflito armado não constitui assassinato”, 
de acordo com alguns políticos americanos, 
explica o autor.
A publicação semanal britânica 
sobre assuntos políticos, New Statesman,
 também publicou avaliações, em seu site,
 sobre a legalidade da operação. “Às vezes,
 afirmam, pode haver Justiça sem uma
 base jurídica ou mesmo em violação
 do devido processo legal”, escreveu 
o articulista David Allen Green, 
que vive nos EUA. “De qualquer 
forma, é improvável que mesmo 
as almas mais sensíveis a menor
 irregularidade legal criem polêmica 
sobre esta morte em particular”.
Green também questiona que
 parâmetros podem ser usados
 para se definir o que configura
 uma “execução” neste caso.
 Citando discussões em blogs 
e sites especializados, o autor
 menciona que, de acordo com 
resoluções da própria União 
Europeia e dadas as circunstâncias
 conhecidas da morte de bin Laden,
 o ponto de vista dominante até então
 é que não se tratou de uma execução
 em desacordo com leis internacionais.
Contudo Green polemiza. “Então 
trata-se de uma punição a um crime,
 afinal? E o assassinato de um
 determinado indivíduo, planejado,
 ordenado e executado pelo Estado
 como punição por um ato criminoso
 não constitui, na maioria das definições
 regulares para o termo, uma execução?”,
 menciona o correspondente citando um 
artigo sobre a morte de bin Laden com o 
seguinte título: "Quando uma execução 
não é uma execução? - publicado no
 premiado blog inglês ‘Heresy Corner’".
“O que a UE afirma efetivamente é que 
a pena capital só é aceitável se feita
 sob ordens secretas, determinada
 por um líder político, sem julgamento
 e possibilidade de recurso?”, conclui a citação.
Mais otimista, o articulista Parag Khanna,
 no espaço reservado à opinião da rede CNN,
 afirmou que este pode ser um passo rumo
 “à criação de um Estado de Direito Global”.
“Nos últimos dez anos,
 o Direito Internacional evoluiu
 de tal forma a fim de  justificar
 intervenções diretas como esta,
 a fim de que pudéssemos agir 
mais rapidamente sobre o emaranhado
 de protocolos e deliberações que
 inventamos”, avaliou o especialista
 em relações internacionais, Parag Khanna, à CNN.
“O princípio fundamental por 
trás das instituições e dos tratados 
é que a soberania é uma responsabilidade,
 não apenas um privilégio. Isso se aplica
 não só aos ditadores e terroristas
 fugitivos, mas os governos que 
lhes dão um porto seguro”, opinou.